14 de mai. de 2013

Tulpa

Ano passado eu gastei mais ou menos seis meses em algo que podia se chamar "projeto psicológico"(Ou projeto retardado se quiser). Estive procurando no jornal local anúncios de emprego e achei um convidando pessoas criativas que estivessem procurando por um dinheiro fácil(Vulgo prostituição). Bem, a partir do momento em que aquele era o único para o qual eu estava relativamente qualificado, liguei para o número do anúncio e arrumei uma entrevista.

Me disseram que tudo que eu precisava fazer era ficar parado tirar a roupa e ficar de quatro, sentado em uma sala, sozinho, com sensores colocados em minha cabeça para ler atividade cerebral, e enquanto eu estivesse lá, eu visualizaria uma duplicata de mim mesmo que eles chamaram de minha "tulpa".

Parecia bem fácil, eu concordei quando disseram quanto iam me pagar. No dia seguinte, comecei.  Me levaram para uma sala simples com uma cama e colocaram sensores na minha cabeça(pesou besteira né ? Provavelmente não...), sensores que estavam ligados a uma pequena caixa preta em uma mesinha ao meu lado. Eles falaram comigo sobre eu visualizar minha duplicata de novo. Eu expliquei a eles que era chato, e eu ficava impaciente, invés de me mexer, eu deveria ver minha duplicata se mexendo e tentar interagir com ela e assim por diante. A idéia era manter ele comigo o tempo todo em que eu estivesse na sala.

Eu tive uns problemas nos primeiros dias. Era muito mais difícil  do que qualquer experiência extra corpórea que eu já houvesse feito. Eu imaginava e visualizava minha duplicata por alguns minutos e então me distraia com o pornô, é claro.   Pelo quarto dia, eu já conseguia  manter ela por mais ou menos 6 horas por perto. Me disseram que eu estava indo muito bem.

Então eu sou um rato. Na segunda semana me colocaram em uma sala com auto-falantes acoplados nas paredes. Me disseram que gostariam de ver eu nú se eu conseguia manter a tulpa mesmo com estímulos para me distrair.  A música era bem desordenada, feia, inaudível e fazia o processo ser mais difícil(Vulgo Funk), mas eu consegui de qualquer modo. Na semana seguinte, eles tocaram uma música ainda mais insuportável, piorada com loops, distorções, microfonias e algo que pareciam serem vozes guturais falando em idiomas estrangeiros. Eu só ria daquilo, já tinha me tornado profissional em manter a tulpa.

Comecei a ficar entediado com o passar dos dias. Para animar as coisas, comecei a interagir com minha cópia. Conversávamos, jogávamos jo-ken-po, e eu imaginava-o dançando break dance ou qualquer coisa que eu julgasse engraçado.  Perguntei aos doutores se aquilo atrapalharia os estudos, mas eles só me encorajavam a continuar.

Então brincávamos e conversávamos e foi divertido até que as coisas começaram a ficar estranhas... Um dia eu estava contando a ele sobre meu primeiro encontro e ele me corrigiu, dizendo que a garota estava vestindo uma camisa amarela, e não uma verde. Pensei no que ele disse por um momento e notei que ele estava certo. Isso me assustou um pouco, e após o expediente eu falei com os pesquisadores sobre aquilo. "Você está usando ele como forma de chegar ao seu subconsciente", eles explicaram. "Você sabia em algum lugar que estava errado, então se subconsciente lhe auto-corrigiu".

O que era assustador se tornou divertido rimos muito e fizemos sexo! Eu podai consultar meu subconsciente e revirar memórias passadas muito facilmente(Tipo aqueles negões, cavalos e jumentos). Minha tulpa podia citar páginas inteiras de livros que eu havia lido anos atrás e se lembrar de coisas que eu havia aprendido no ensino médio e já havia esquecido(Tipo meu amigo e eu no mato). Era incrível.

Com o tempo, comecei a levar minha duplicata para fora do centro de pesquisas. No começo tive medo mas então me senti a vontade de sempre que me entediava, o trazia e passava o tempo. Então comecei a trazê-lo tanto que começou a parecer estranho não tê-lo  por perto. Levava-o quando saia com amigos, quando ia a casa da minha mãe, e até levei ele uma vez para um encontro, e uma vez que não precisava falar em voz alta com ele, eu podia manter conversas sem que ninguém soubesse.

Eu sei que pode soar estranho, mas era divertido. Além de ser minha subconsciência e memória sempre ao meu dispor, estava começando a ficar mais atento do que eu mesmo  as coisas ao meu redor, notando detalhes e sinais de linguagem corporal que eu não percebia. Por exemplo, nesse encontro em que o levei, eu pensei que as coisas estavam indo mal a beça, até que ele me apontou sinais de que ela estava rindo demais de minhas piadas e estava dando muitas chances para que eu falasse algo a mais, então eu realmente notei e escutei o que ele dizia e vamos apenas dizer que o encontro se saiu muito bem.

Quando fizeram 4 meses em que eu  estava no centro de pesquisas, ele estava comigo constantemente. Então os pesquisadores vieram até mim e pediram para que eu parasse de visualizá-lo. Eu me neguei, e isso agradou eles. Eu silenciosamente perguntei a minha duplicata o que deveria ter trazido essa idéia e ele simplesmente deu de ombros. Eu também.

Eu me retive um pouco do mundo naquela época. Estava tendo problemas em conviver com as pessoas. Parecia muito que elas não sabiam ou estavam confusas sobre o que falavam, enquanto e tinha uma manifestação de mim mesmo para consultar. Fez com que socializar ficasse estranho. Ninguém parecia ciente do que fazia elas ficarem bravas ou alegres, não apreciam saber a razão por trás de tudo. Eu sabia. Ou pelo menos podia  perguntar a mim mesmo.

Um amigo que confrontou em uma tarde. Ele socou a porta até eu abrir e caiu como uma tempestade em mim, raivoso. "Você não atendeu o telefone por duas semanas seu porra!"(Ui, ele é rebelde) Gritou. "Qual é a porra do teu  problema?"(Aposto que tira a roupa do varal num puxão)

Bom como todos sabem.. Isso é fruta de uma mente emaconhada etc(Ou não..). etc. Mas você já deu o cu hoje ?

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